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Festa Anual no Porto Mostra Que o Orgulho "Gay" Ainda é Anónimo

05-07-2004
Jornal Público
Sociedade
por Emília Ferreira

A transformação de Rui em Amália prometia. Corpete preto, écharpe igualmente negra e brilhante sobre o peito, maquilhagem forte, botas de saltos altíssimos e como saia uma bandeira portuguesa. A preparação para o "show", que por volta das quatro da manhã iria ocupar o palco, era o único elemento comum ao imaginário de uma festa "gay" e à realidade que na noite de sábado para domingo ocupou o teatro Sá da Bandeira, no Porto.

A quarta edição do PortoPride juntou cerca de 1800 pessoas preparadas para apenas mais uma noite de diversão, apesar de este ano três das habituais casas apoiantes do evento realizarem uma festa semelhante, precisamente no local da primeira edição do PortoPride - o barco "Gandufe" - sem a sua característica beneficiente.

Indicador da divisão na comunidade "gay", que tinha ficado patente na organização da Marcha Gay em Lisboa. João Paulo, director do portal PortugalGay, responsável pela organização, classifica esta tentativa de concorrência como demonstrativa de "falta de consciência face a um público que assegura a sobrevivência destas casas nocturnas", embora não se mostrasse receoso quanto ao número de participantes. Na sua opinião, a maior parte não esquece a dimensão beneficiente desta festa. O PortoPride é um dos maiores contribuintes da Liga de Amigos do Hospital Joaquim Urbano: nos últimos três anos doou um total de 7350 euros.

A luxúria não tem ali mais espaço do que em qualquer discoteca do Porto. A procura de um parceiro faz-se com os mesmos rituais e hesitações que em qualquer outra casa nocturna. Há mesmo quem procure apenas um local onde se possa sentir entre iguais, como um grupo de quatro amigas, dois casais não assumidos perante a sociedade, que ali encontram um "espaço de convívio onde não se sentem julgadas".

Ainda assim, a identificação não é total, o mundo "gay" continua muito organizado em função dos homens, eles estão em maioria e os espectáculos são direccionados para eles. A situação repete-se nas casas para o público "gay", embora, dizem, "haja muitas mulheres lésbicas que, no entanto, assumem menos que os homens".

De facto, o número de homens ultrapassa bastante o de mulheres, em geral mais velhas. Eles são por vezes muito novos, rapazes de vinte anos - alguns aparentam menos - levados pela curiosidade e expectativas de relacionamento fácil. São os que correm mais riscos, pelo perigo do deslumbramento com a novidade, alerta um outro, mais velho, acompanhado por uma amiga heterossexual. Apesar de frequentar bares "gay", afirma preferir locais mistos: "Porque lá é menos óbvio, aqui não há jogo de sedução."

João Paulo refere que, cada vez mais, os heterossexuais participam no evento e que é esse o caminho para a sociedade mudar a sua atitude. Roberto, transformista, acha que só "vendo e participando as pessoas se apercebem da normalidade que invade o mundo 'gay'".

JN

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